Memória e história: potências e tensões nos usos de acervos privados
A revista Acervo, periódico científico do Arquivo Nacional, torna pública a chamada para o dossiê “Memória e história: potências e tensões nos usos de acervos privados”, que tem como editores Eliana Laurentino, doutora em História Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e professora na Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro; Renato Crivelli, doutor em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e professor no Departamento de Arquivologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e no Programa de Pós-Graduação em Gestão de Documentos e Arquivos da mesma instituição; e Tiago Braga da Silva, doutor em História Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e professor na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
O final do século XX presenciou o reconhecimento dos acervos privados (pessoais, familiares e institucionais) como fontes relevantes para estudos historiográficos, destacando a importância de sua preservação para usos presentes e futuros. Nas últimas décadas, diversos espaços de custódia se abriram para envidar esforços no sentido da preservação e disseminação desses conjuntos, enquanto outros foram criados especificamente para esse fim. Esse contexto configura um cenário propício para a propagação, para além dos principais centros urbanos, de instituições de custódia e preservação de arquivos privados responsáveis por expressar traços da multiplicidade cultural por meio de memórias e identidades.
Os acervos privados, da mesma forma que os documentos produzidos pelos poderes públicos, compõem relevante tema de estudos para a arquivologia e a história ao se manifestarem como elementos significativos nos processos de construção de memórias, identidades e histórias individuais e coletivas, assumindo traços de patrimônio documental. A isso, soma-se que os documentos privados na dimensão patrimonial conferem um reconhecimento de valor a algo, e isso, especialmente no âmbito local, é permeado por disputas e tensões mais diretas que, em muitos casos, se limitam ao domínio e ao acesso restrito de pessoas consideradas “guardiãs da memória”. Considera-se ainda que, distante dos grandes centros urbanos, a existência de arquivos públicos seja reduzida, o que demonstra grande pulverização de custódia documental em espaços diversos, desde institutos históricos, bibliotecas locais, museus, entre outros. Além dessa dispersão, ocorre um baixo estímulo para entrega ou direcionamento dos acervos de documentação privada aos espaços existentes. Assim, os processos que envolvem os arquivos privados ‒ produção/acumulação, tratamento, aquisição, disponibilização, conservação e usos ‒ são permeados por diferentes demandas memoriais e configuram-se como processos políticos.
O dossiê busca explorar as conexões entre os acervos privados e a territorialidade, reunindo experiências e reflexões, no Brasil e no exterior, que investiguem, nas relações forjadas entre memória e história, questões relativas à produção/acumulação, ao tratamento, à preservação, às políticas de aquisição, institucionalização e acesso, aos valores sociais, bem como à patrimonialização, às ações, aos usos dos arquivos privados e à história dos arquivos pessoais. O dossiê constituirá, assim, um panorama de ações preservacionistas que não cubram apenas espaços tradicionais de custódia, normalmente encontrados em regiões centrais.
As submissões devem ser encaminhadas até o dia 28 de agosto de 2023, pelo site da revista Acervo, para as seções Dossiê Temático e Resenha. O dossiê será publicado de forma contínua entre janeiro e abril de 2024. As contribuições devem estar de acordo com o foco e o escopo do periódico e seguir as normas editoriais.
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